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NOV

2023

Na agenda da Gestão de Pessoas, a depressão deve ser um tópico!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

A Depressão afeta pessoas de qualquer idade, não escolhe classes sociais ou geografias, sem se se trata de mulher ou homem. Provoca uma forte angústia e tem impacto nas tarefas diárias mais simples, com consequências muito fortes no relacionamento familiar e social, para além da capacidade produtiva no local de trabalho.

Segundo estudos recentes houve um aumento de 304% no consumo de antidepressivos em Portugal. É um dos problemas mais prevalentes na União Europeia, afetando cerca de 50 milhões de pessoas. A OMS estima 300 milhões em todo o mundo. Em Portugal, estima-se afetar 400 mil pessoas (5º lugar nos países com mais casos na União Europeia). São números altamente preocupantes. Tão preocupante quando é uma doença com a dificuldade de ser assumida pelo próprio. Ainda mais para com a família e amigos e muito mais com a entidade empregadora.

Segundo os dados da Direção Geral de Saúde, em Portugal, as perturbações mentais e de comportamento têm um peso significativo no total de anos de vida saudável perdidos – representam 20,55% do total de anos vividos com incapacidade (valor superior às doenças do foro respiratório e da diabetes). Mas o que é necessário para se tomar consciência séria sobre todos estes indicadores? Será que não basta perceber-se que pode levar ao suicídio? Um último indicador: segundo dados da OMS, a depressão é a causa que mais contribui para as mortes por suicídio – 800 mil por ano!

Não interessa muito se falamos de depressão de forma global ou especificamente de depressão laboral. É algo que tem de ser verdadeiramente de frente, pois o impacto recai sempre sobre a Pessoa em si mesma e as consequências repercutem-se sobre o ambiente geral em que a mesma se movimenta. Políticas de Saúde Mental são um tópico com caráter de urgência, quer como fator regulador, quer de ações concretas de cuidados de saúde. Fundamental, ainda, uma comunicação eficaz de relevância para a deteção de sinais que se percecionem de sintomatologia preocupante, ao nível familiar e em termos sociais. Mas também do ponto de vista organizacional.

É no quadro da Gestão de Pessoas nas Organizações que muito pode e deve ser feito. Especificamente na depressão dita laboral, a literatura inclui na mesma o stress ocupacional e o burnout, a pressão sobre a produtividade, a sobrecarga de trabalho, o tipo de recompensas, a insegurança, só para citarmos algumas. Estão, pois, devidamente estudadas as ignições da depressão laboral: o desequilíbrio esforço-recompensa, as questões de equidade (binómio justiça_injustiça), a mudança organizacional e a insegurança que pode gerar, o regime de trabalho e respetivos horários, os conflitos entre pares e com as chefias ou questões relacionados com assédio, assim como stress funcional ou relacionado com o papel expetável.

Se por um lado a depressão pode estar associada a alguma disfuncionalidade organizacional de diversa ordem, outras vezes está imbuída dos silêncios próprios de uma cultura que vive mal com os problemas relacionados com a Saúde Mental. Vamos, muitas vezes, adiando, adiando numa  lógica do “pode ser que não seja nada”, “pode ser que passe”, é “apenas um momento mau”. Ambientes de forte abertura, ambientes estruturados de políticas de bem estar, podem obviar males maiores quer na prevenção de um sofrimento para as pessoas, quer até de prejuízos, incluindo financeiros, para os empregadores.