Inovação, Descarbonização e Segurança, em favor da Felicidade das Pessoas!
Por António Saraiva, Business Development manager, ISQ Academy
De que forma devemos olhar o mundo atual? E por que olhos? O que verdadeiramente nos atormenta? E onde buscamos a felicidade? E essa felicidade percorre a nossa visão de mundo? Ou é simplesmente ocasional e esfuma-se com rapidez? Há demasiadas questões quando nos posicionamos no ambiente que nos rodeia! Na mesma linha, começa a ser demasiado redundante afirmarmos que vivemos num mundo de incerteza. Ainda por cima quando temos a perceção clara que essa incerteza tende a aumentar. Pelo menos apresentam-se lógicas de afirmação do poder que nos conduzem a tal perceção.
Em setembro de 2024, Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, apresenta um relatório à Comissão Europeia, em que alerta para os grandes desafios da Europa, nomeadamente em termos de competitividade e segurança, realçando a velocidade de transformação que o mundo enfrenta. Mario Draghi não escamoteia de forma alguma a força económica da Europa, mas realça a tendência clara para se perder terreno, derivado de riscos efetivos dos choques externos, em particular tensões geopolícas e a rapidez dos avanços tecnológicos.
E aqui há que gerir uma evidência, apenas quatro das cinquenta maiores empresas tecnológicas a nível mundial é que se encontram na Europa. Sem dúvida que esta é uma lacuna que condiciona a competitividade do nosso continente num futuro próximo, onde a inovação se apresenta cada vez mais decisiva para o sucesso da Economia. Portanto, é uma lacuna a colmatar. Partimos do princípio que existiu uma distração europeia – há tão só (?) um diferencial, para menos, de 270 mil milhões de euros em Investigação & Desenvolvimento das empresas europeias para as concorrentes americanas… e não falamos da China. Draghi é muito claro: regulamentação diferenciadora, investimento público em tecnologias disruptivas. E um fator central, que até vai melhorado, mas a uma velocidade muito baixa – a colaboração profunda entre Universidade e Indústria.
Há um ponto a favor: a Europa lidera mundialmente em metas de sustentabilidade e será bem provável que, em 2050, atinja a neutralidade carbónica. Contudo, há uma gestão cuidada é aconselhável para que se evite o enfraquecimento da competitividade, sobretudo porque os preços da energia são bem mais elevados que nos EUA ou na China. Aconselha-se investimento em infraestruturas energéticas e cada vez mais, nesta evolução, uma combinação das várias fontes energéticas.
Um dos outros pilares do relatório de Mario Draghi está no reforço da segurança, de forma a que a redução de dependência se verifique, não só no setor da Defesa, mas, também, por exemplo, em outros setores como os semi-condutores e matérias-primas estratégicas. É, pois, mais um contributo para um apelo urgente à ação. Reformas profundas exigem-se, não interesses de grupos ou partidos políticos, assim como, na mesma linha, investimentos elevados que exigem consensos. Estes três pilares do Relatório Draghi parecem inquestionáveis(inovação, descarbonização e segurança), mais ainda do que setembro de 2024… neste preciso momento! Mas numa linha clara, por mais investimento que se faça, e estimam-se na ordem dos 800 mil milhões (!), há que tudo seja orientado para as Pessoas, em lógica não de uma felicidade fugaz, mas por períodos mais longos, se não o investimento poderá ter que aumentar… nos gastos com a Saúde, em especial Saúde Mental!